(...) Nesse ano, antes de um Portugal-Espanha, como começava a ser costume, as equipas perfilaram-se diante da tribuna principal para saudar as entidades oficiais, com o braço erguido. Saudação fascista que eufemisticamente se chamava... olímpica. Três jogadores, todos eles do Belenenses, treinado por Cândido de Oliveira, não fizeram a saudação de braço em riste: Artur Quaresma deixou-se ficar em sentido, José Simões e Mariano Amaro foram mais longe e cerraram os punhos! No campo, mal se deu por isso, mas, depois, a revista Stadium publicou a fotografia, com uns dedos pintados, espetados, à frente das mãos fechadas — boa terá sido a intenção, mas mau foi o retoque. Ficou o gato escondido com o rabo de fora. A bronca estoirou. Os três jogadores chegaram a ser detidos pela PIDE, para averiguações, mas acabaram libertados, salvos, afinal, pela sua qualidade de futebolistas, já que se fossem atirados para os calabouços não haveria hipótese de se encobrir o escândalo, ter-se-ia de explicar porque não jogavam nos domingos seguintes.
* Texto retirado daqui, direitinho para este post no Cinco Dias.
1 comentário:
Simplesmente brilhante!
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