31.10.08

Ao que parece Nosso Senhor achou que o look Kurt Cobain está um bocado gasto

Vai daí, optou por um preto com estilo na sua mais recente incursão pelos assuntos cá de baixo. Pelo menos é essa a opinião do Pastor Hezekiah David, que acredita que Obama resulta de intervenção divina. «Do ventre de uma mulher branca, de pai africano, nasce um homem que está prestes a ir para a Casa Branca dos Estados Unidos. Isto é obra de Deus», disse. Na verdade eu, que já levo uns aninhos disto - entenda-se vida - já devia ter aprendido que no que respeita a histerias colectivas um gajo ou fica calado ou alinha com a multidão. Dizer que fico um bocado indiferente ao Obama é coisinha para deixar qualquer um abismado. Sossego o parceiro de conversa e explico que não vejo McCain como solução. Estou quase a elaborar argumentos mas depois penso melhor e fico com pena de não tirar proveito da situação. Acabo a explicar que na verdade quem vejo como pessoa indicada é Sarah Palin. Espero um pouco para que o parceiro recupere do pânico súbito e logo de seguida, colocando a minha expressão mais séria, afirmo que não vejo em nenhum dos candidatos a capacidade de negociação de Sarah Palin numa hipotética situação de crise. Não tenho dúvidas que a existir necessidade de negociar com terroristas ela é senhora para sacar de um ou dois bons argumentos para cima de uma mesa.

24.10.08

Podem votar em quem quiserem desde que não seja no Casillas

O director da France Football, publicação que atribui a Bola de Ouro, afirmou que Iker Casillas nunca poderá ganhar o troféu. O que não deixa de ser curioso se tivermos em conta que o nome dele consta da lista de finalistas. Talvez seja um pormenor sem importância. O nome do Garcia Pereira também consta em tudo o que é boletim de voto e ninguém espera que ele ganhe. Mas entre isso e dizer que ele nunca poderá ganhar vai uma distância. Se isto não é condicionar o voto dos jurados então não sei o que seja. Confirma-se assim que a decisão vai mesmo ser entre o Lionel e Cristiano. O que assim de repente parece uma dupla de forró brasileira. Estilo Bruno e Marrone, que são uns sujeitos que cantam com voz de grande sofrimento e cujo trabalho conheço por cortesia da vizinha do lado que aos Domingos decide brindar o bairro com um dos êxitos em modo repeat. À custa de tanto escutar o refrão, e pelo prazer de partilhar convosco estas coisas, não foi difícil através de pesquisa no Google chegar lá. Chama-se "Dormi na Praça" e conta a história de um gajo muito apaixonado que anda pela cidade a pensar na amada e acaba a dormir num banco de jardim. O que introduz uma novidade em relação ao que até hoje era conhecido sobre o amor. Normalmente diz-se que a paixão é tanta que até tira o sono, um gajo dá voltas na cama e só pensa na amada. Este gosta tanto dela que até adormece em locais públicos. Tenho de analisar melhor isto. É isso e pensar em ligar para o SEF.

14.10.08

Quem frequenta a noite do Bairro Alto é sobretudo gente que só gosta de ir lá beber um café depois do jantar

Percebe-se, por isso, a iniciativa de obrigar os bares a fechar portas às 02h00. É uma decisão, diga-se, bastante amiga dos proprietários de bares. Com uma realidade económica animadora recebem com toda a certeza de sorriso nos lábios quem lhes diz "a partir de agora têm basicamente duas horas para facturar". Sempre quero saber o que pensa disto o artista dos cocktails - pelo menos ele acha que é e eu não sou ninguém para o contrariar - que normalmente recebe-me no seu estabelecimento com a frase "então maluco". Isto entenda-se foi um hábito que começou após toda uma conversa que durou meses a fio onde me limitava a dizer "é um gin tónico, por favor". E garanto-vos que não é qualquer um que consegue aferir o grau de loucura do interlocutor a partir da frase "é um gin tónico, por favor". De qualquer forma estou cá desconfiado que é capaz de não achar muita piada a fechar portas às 02h00. Ao que tudo indica, existe um motivo de força maior. Parece que os moradores andam incomodados com o barulho. Pelo menos a Câmara garante que sim e a imprensa acompanha. Por mim, só era tomada uma decisão quando o descontentamento fosse visível com faixas nas janelas. Sempre era uma maneira de Lisboa ficar mais parecida com Barcelona.

10.10.08

Citando

Governor: I believe that I might have come up with a compromise to this whole problem that will make everyone happy! People in the gay community want the same rights as married couples, but dissenters don't want the word "marriage" corrupted. So how about we let gay people get married, but call it something else? [everyone listens quietly]
Governor: You homosexuals will have all the exact same rights as married couples, but, instead of referring to you as "married", you can be... butt buddies. [long silence]
Governor: Instead of being "man and wife", you'll be... butt buddies. You won't be "betrothed", you'll be... [makes quote with his fingers]
Governor: ... butt buddies. Get it? Instead of a "bride and groom", you'd be... [makes quote with his fingers again]
Governor: ... butt buddies.
Mr. Slave: We wanna be treated equally!
Governor: You "are" equal. It's just that, instead of getting engaged, you would be... butt buddies. And everyone is happy!
Woman: [from the lesbian crowd] Well, what about lesbians?
Governor: Well, like anyone cares about fuckin' dykes!

in "South Park".

Foi um gesto simpático a SIC convidar o Moita Flores para o debate sobre os casamentos homossexuais

Podia dar-se o caso de o senhor ficar melindrado por estar a acontecer um debate sem ele estar presente. Temos portanto, além de situações de assaltos com reféns, gangs de favelas, raptos de crianças, raptos de crianças que vendo bem a coisa afinal também podem ser homicídios, análise da imprensa inglesa, adopção de crianças por pais biológicos ou afectivos, violência doméstica e situações afins também a especialização em casamentos homossexuais. Ainda bem que ele não colabora com a RTP. Ainda nos arriscávamos a vê-lo no Domingo Desportivo a comentar a contratação do Jaime Pacheco.

5.10.08

É preciso ser idiota para esperar até Outubro para ver isto

A casa nocturna
Boite falada
Lugar de má fama
Com as portas abertas
Durante a noite
Entra quem quiser
Porém nessa noite
Sem que eu esperasse
Entrou uma dama
Fiquei abismado
Porque se tratava
De minha mulher

Ela se cansou
De dormir sozinha
Esperando por mim
E nessa noite
Resolveu dar fim
Na sua longa e maldita espera
Ela não quis mais
Levar a vida de mulher honrada
Se na verdade
Não adiantou nada
Ser mulher direita
Conforme ela era
Ela decidiu abandonar o papel de esposa
Para viver entre as mariposas
Que fazem ponto naquele lugar
A minha vida
Muito mais errante
Agora continua
Transformei a esposa
Em mulher da rua
Na mais nova dama
Do Som de Cristal


Sobre "Aquele Querido Mês de Agosto" até parece mal falar nesta altura. Só mesmo um desgraçado de um ignorante como eu é que espera até Outubro para ver o filme. Devia estar alguém à entrada do Nimas a mandar pauladas a quem entra. Até podia ser o Paulo Moleiro, o homem que ainda não é obrigado a trabalhar aos fins de semana e por isso pode iniciar as suas maratonas de álcool no café do Couves às sextas-feiras e apenas dar a tarefa por terminada aos Domingos. Ainda que por vezes isso obrigue a só aparecer no trabalho às terças ou segundas após o almoço. "Mas nas calmas". Provavelmente o homem que melhor conhece o Rio Alva, ainda que o álcool "altere um pouco" as capacidades. Fica ainda do filme o primeiro contacto com o universo de Marante. Eu, um gajo razoavelmente conhecedor das músicas em questão, espectador habitual do Made in Portugal - o que é feito do Carlos Ribeiro? - que foi assim o primeiro programa ao estilo "Liga dos Últimos", ainda que aqui os convidados fossem a estúdio quando o sucesso o justificava e não pelas derrotas que atiram equipas para o fundo da tabela classificativa, não tinha aberto os olhos para a música "Som de Cristal". Não é difícil perceber pela letra que se trata de uma importação do Brasil. Que a coisa não saiu da criatividade do Marante. Mas foi uma feliz descoberta. Faz mesmo falta músicas que analisem melhor esse fenómeno das mulheres que cansadas de esperar pelos maridos decidem virar putas. Podia fazer as malas e ir embora. Mas não. A raiva é tanta ao marido - e aqui já sou eu a dar largas à capacidade de análise - que dizem para elas "ai não vens para casa então vou ali à boite aviar uns gajos". É uma filosofia interessante do ponto de vista financeiro. Provavelmente, equacionado esta realidade, a questão da alteração à Lei do Divórcio ganha novos argumentos.

3.10.08

Um gajo não pode confiar nos chineses



Em verdade vos digo isto é desconfiar de gente que trabalha todos os dias. Com aquela malta um gajo nunca sabe com o que pode contar. Na semana passada colocaram um astronauta a caminhar no espaço e o que é facto é que desde essa altura levantou-se uma ventania e lá se foi o bom tempo. E um gajo tenta perceber um pouco o que vem lá e acaba a ser surpreendido. Como no vídeo que motivou o post. O bom do Charles Barkley, jogador de basquetebol que teve uma carreira pautada pelo fair-play, ainda que alguns adversários tivessem o estranho hábito de deslocar a cara contra os seus cotovelos, é hoje respeitável comentador desportivo. Em programas cujo formato não era mal pensado importar para cá. Sempre é mais interessante ouvir dois tipos a insultarem-se do que escutar durante meia-hora um sujeito a descrever o sistema de jogo do Belenenses recorrendo a formas geométricas. E um tipo está em casa a ouvir aquilo e vai gritando para a televisão "mas o gajo não joga um caralho, podes lá meter o losango, mais o quadrado mais o que quiseres que ele continua a não jogar a ponta de um corno" mas aquilo não tem efeito nenhum a não ser o zapping. Mas voltando aqui ao Barkley, a discussão do vídeo parece simples e como ponto de partida o argumento parece razoável. Ora temos aqui um chinês com 2,29m, e como se isso não fosse estranho o suficiente o desgraçado é ainda filho de uma mãe que mede 1,88m, e que para além de tudo o resto sabe jogar basquetebol. O problema reside mais em termos um chinês que sabe jogar basquetebol do que propriamente um chinês com 2,29m filho de uma senhora com 1,88m. E o Barkley, como qualquer pessoa de bem, olha para esta situação, completada com o facto de o jogador alinhar pelos Houston Rockets, ocupando um sector do campo que já foi dominado por Hakeem Olajuwon (vénias) e a coisa mais interessante que ocorre dizer é: "se o Yao Ming marcar 19 pontos num jogo esta época eu beijo o rabo a este gajo que está aqui ao lado". Acontece que o Ming marcou mesmo mais de 19 pontos. E diga-se que o fez por diversas vezes. Isto desde 2003. E dei por mim a dizer: é fenómeno irrepetível. Mas depois surge o Yi Jianlian, chinês de 2,13m que chegou na última época à NBA alinhando actualmente nos New Jersey Nets e que também faz uma coisas interessantes com a bola. Um gajo nunca sabe o que vem lá, é como vos digo.

1.10.08

É assim tipo Lux


















(Imagem de alguém que tem certamente muito jeito para a fotografia mas que o Google Images não permite identificar. Se o autor por acaso passar por aqui que se acuse faça favor) .

Em artigo no "Público" da passada segunda-feira, a propósito dos dez anos do Lux, o jornalista Vitor Belanciano refere a páginas tantas que "na província, quando os locais querem explicar aos forasteiros como é o espaço nocturno de maior prestígio na povoação, caracterizam-no como sendo uma espécie de Lux". Tendo algumas reservas sobre o que considerará Vitor Belanciano ser a "província", o exemplo é feliz no sentido de perceber a importância do Lux como referência na noite em Portugal. E faz lembrar um amigo que há uns anos procurava explicar-me como era a Ovibeja dizendo que era "assim tipo Expo". Espero que entretanto o inchaço no olho já tenha passado que a intenção não era acertar com tanta força. Do Lux, entre várias noites e princípios de manhã, guardo sobretudo na memória as descobertas que tem vindo a permitir. O vídeo em escuta ali ao lado é um exemplo. Os Cindy Kat, cujo concerto de lançamento foi visto quase por acaso, têm lugar de honra entre as melhores perfomances a que assisti no local. Potenciado pelo facto de, tendo em conta o percurso da banda, a coisa ameaçar seriamente ganhar contornos de única e irrepetível, dada a ausência de novos espectáculos em torno do álbum que tem o curioso título de "Vol.1". Contudo, quando toca a indicar as virtudes do Lux, dou por mim a optar por algo rápido e simples: tornou mais fácil explicar o caminho até casa. O mesmo que há mais de dez anos era feito com a companhia de terrenos abandonados onde as ervas cresciam à altura do joelho, completado com fraca iluminação e barracas, e que eu fazia para ir jogar basquetebol no pavilhão da Escola Patrício Prazeres. A que hoje é descrita como "aquela que fica ao pé do Lux". Na altura "aquela com vista para a linha do comboio e onde se não tiveres cuidado roubam-te a carteira". Não foi à custa do Lux a requalificação do local. Mas terá sido com um forte contributo do Lux que a zona deixou de ser "assim tipo Xabregas".