3.12.08

De vez em quando Lisboa gosta de estar ocupada com estas coisas

Actualmente discute-se a utilização da bicicleta e a construção de ciclovias. Lisboa é assim. Como um grupo de amigos que se junta e um diz "vamos fazer isto" e os outros, entusiasmados, respondem todos "ya ya bora bora". Andam entretidos com aquilo um mês ou dois até que alguém diz que está farto e apontam agulhas para outro lado. Há uma década atrás, ou talvez um pouco mais, o "ya ya bora bora" de Lisboa foram as tabelas de basquetebol. Nasciam nos lugares mais improváveis e por lá se mantinham uns tempos. Entenda-se que "uns tempos" não tem necessariamente de indicar um período razoável. Por exemplo no meu bairro as tabelas não chegaram a durar um mês. Findo esse tempo por lá se manteve o esqueleto que a Câmara montou a coisa mas não parecia muito interessada na sua manutenção. Hoje, desse tempo, não resta uma para contar a história. Aliás, se alargarmos a conversa ao campo dos "playgrounds" a oferta de Lisboa limita-se a três espaços nem por isso exemplos de conservação. No Campo Mártires da Pátria existem duas tabelas, embora apenas uma em funcionamento. Em Monsanto são quatro, mal construídas como tudo mas que para o efeito até servem. Depois em Telheiras, se ainda não desapareceram, existiam lá outras duas. De resto o vazio. Como o "playground" nas traseiras do Fórum Lisboa que do nome só tem a vedação. Nem tabelas, nem balizas. Antes de decidir que o meu joelho ficava mais giro com um ligamento a menos passei diversas vezes pela árdua tarefa de encontrar local para a prática do basquetebol. Abandonando cedo a ideia do "outdoor" olhei para a oferta "indoor". Dos pavilhões municipais, já de si em número reduzido, poucos são os que estão à disposição do munícipe. Ora estão reservados pelas escolas, ora por clubes, ora chove lá dentro, como no caso da Ajuda, e misturar basquetebol com polo aquático nunca foi boa ideia. Enquanto isso já perdi a conta aos anos em que o Carlos Lopes está encerrado. Agora parece ter surgido uma dinâmica de "ya ya bora bora" com as ciclovias. É coisinha para entreter até às autárquicas. E não duvido que vá avante. E que muitos aplaudam, mesmo que depois apenas utlizem a coisa durante as primeiras duas semanas. Há quem olhe para Lisboa e diga que o que faz mesmo falta aqui é a circulação de bicicletas. Respeito. De qualquer forma se escutarem alguém a buzinar atrás de vocês não liguem que sou eu.

1 comentário:

kelly disse...

inventar ciclovias não é solução mágica e é muito poucas vezes a resposta acertada. contudo, é urgente que Lisboa receba quem quer e pode fazer-se transportar de bicicleta, a bem de todos: ambiente, saúde de quem pedala, saúde de quem conduz (representam menos carros!). devo dizer-te que experimentei fazer o percurso casa-trabalho-casa de bicicleta para descobrir que demorava mais 5 minutos do que de carro. contudo rapidamente desisti da romântica ideia da bicicleta pela extrema falta de segurança.
sou mais uma atrás de um volante que só leva uma pessoa:(
(mas percebo a irritação em relaçao às modas;))