A primeira época do Belenenses na principal liga do futebol
português com uma gestão privada no seu comando foi um enorme e redondo
fracasso. Mais uma vez o fantasma da descida e as “contas à vida” na manutenção.
Volta a lamentar-se o público longe do Restelo e não se vislumbrou qualquer
campanha de angariação/regresso de adeptos (a menos que se conte com o Facebook
onde foram colocados vídeos de grande inspiração mas que acabam por ser
vistos por aqueles a quem não interessa mobilizar na medida em que já estão
mais do que mobilizados).
Os discursos sem chama ou ponta de ambição. As decisões
tomadas em cima do joelho. Uma política de bilheteira que ignora a situação
económica do país e as dificuldades das famílias. E na base de tudo isto a
postura dos adeptos oscilando entre o encolher de ombros ou a lógica qual
bandeira erguida ao vento do lema: temos é de apoiar. Se o Belenenses joga uma
decisiva partida na Amoreira, arrastando consigo mais de um milhar de adeptos,
e no campo faz uma triste e desinspirada figura a resposta é temos de apoiar
para o próximo jogo. Se com o Arouca a bola entra no último minuto de jogo
festeje-se pois então e apoie-se. Se por acaso e alguma infelicidade dos deuses
a equipa não tem marcado e acabasse mesmo por cair no playoff o importante
seria, claro está, apoiar na liguilha. Se por acaso corresse mal na liguilha a mensagem
não podia ser outra: apoiar e para o ano subimos.
Recuando quase um ano, na pré-temporada foram muitas as
vozes que antecipavam esta época desastrosa. Era evidente que a preparação
estava a ser errada assim como era evidente que nada daquilo que era prometido
com a gestão privada ia arrancar. Como troco, as vozes de alerta foram
evidentemente acusadas de ser “bota-abaixo”, epíteto ao qual corresponde
rapidamente o lema: temos é de apoiar. Para a história registe-se desta
temporada para efeitos de memória futura episódios que foram um duro golpe no
orgulho dos adeptos:
- O caso Miguel Rosa em que um jogador é impedido de jogar
por vontade do adversário sem que a tal acto corresponda a necessidade de
qualquer explicação aos adeptos. Ou, por mais estranho que possa parecer, sem
que estes façam grande pressão para que tal aconteça.
- O rival da cidade pedir o estádio emprestado para ali
jogar um desafio seu e na véspera instalar-se a seu belo prazer, colocando faixas
onde e como quiser. Mais uma vez, as explicações ficaram por dar e só a pressão
das redes sociais impediu que o estádio ainda acabasse com as bancadas pintadas
de vermelho.
Esta semana na imprensa leu-se o apelo do treinador Lito
para que cheguem reforços que permitam ambicionar voos mais altos. A resposta,
aparentemente e a julgar pela imprensa, fica-se por quatro novidades. Daqui a
uns meses tudo voltará a repetir-se. E os alertas remetidos para a gaveta do “bota-abaixo”.
Não faz mal. No último jogo da época abrem-se as portas aos adeptos para
festejar a manutenção enquanto se suspira ao olhar tanto azul e pergunta-se “porque
não vem esta gente todas as semanas”? Como se a resposta não fosse evidente.
Até daqui a uns meses.
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