16.5.14

Belenenses 2013/2014: Achas que sabes apoiar?





A primeira época do Belenenses na principal liga do futebol português com uma gestão privada no seu comando foi um enorme e redondo fracasso. Mais uma vez o fantasma da descida e as “contas à vida” na manutenção. Volta a lamentar-se o público longe do Restelo e não se vislumbrou qualquer campanha de angariação/regresso de adeptos (a menos que se conte com o Facebook onde foram colocados vídeos de grande inspiração mas que acabam por ser vistos por aqueles a quem não interessa mobilizar na medida em que já estão mais do que mobilizados). 

Os discursos sem chama ou ponta de ambição. As decisões tomadas em cima do joelho. Uma política de bilheteira que ignora a situação económica do país e as dificuldades das famílias. E na base de tudo isto a postura dos adeptos oscilando entre o encolher de ombros ou a lógica qual bandeira erguida ao vento do lema: temos é de apoiar. Se o Belenenses joga uma decisiva partida na Amoreira, arrastando consigo mais de um milhar de adeptos, e no campo faz uma triste e desinspirada figura a resposta é temos de apoiar para o próximo jogo. Se com o Arouca a bola entra no último minuto de jogo festeje-se pois então e apoie-se. Se por acaso e alguma infelicidade dos deuses a equipa não tem marcado e acabasse mesmo por cair no playoff o importante seria, claro está, apoiar na liguilha. Se por acaso corresse mal na liguilha a mensagem não podia ser outra: apoiar e para o ano subimos.

Recuando quase um ano, na pré-temporada foram muitas as vozes que antecipavam esta época desastrosa. Era evidente que a preparação estava a ser errada assim como era evidente que nada daquilo que era prometido com a gestão privada ia arrancar. Como troco, as vozes de alerta foram evidentemente acusadas de ser “bota-abaixo”, epíteto ao qual corresponde rapidamente o lema: temos é de apoiar. Para a história registe-se desta temporada para efeitos de memória futura episódios que foram um duro golpe no orgulho dos adeptos:
- O caso Miguel Rosa em que um jogador é impedido de jogar por vontade do adversário sem que a tal acto corresponda a necessidade de qualquer explicação aos adeptos. Ou, por mais estranho que possa parecer, sem que estes façam grande pressão para que tal aconteça.
- O rival da cidade pedir o estádio emprestado para ali jogar um desafio seu e na véspera instalar-se a seu belo prazer, colocando faixas onde e como quiser. Mais uma vez, as explicações ficaram por dar e só a pressão das redes sociais impediu que o estádio ainda acabasse com as bancadas pintadas de vermelho.

Esta semana na imprensa leu-se o apelo do treinador Lito para que cheguem reforços que permitam ambicionar voos mais altos. A resposta, aparentemente e a julgar pela imprensa, fica-se por quatro novidades. Daqui a uns meses tudo voltará a repetir-se. E os alertas remetidos para a gaveta do “bota-abaixo”. Não faz mal. No último jogo da época abrem-se as portas aos adeptos para festejar a manutenção enquanto se suspira ao olhar tanto azul e pergunta-se “porque não vem esta gente todas as semanas”? Como se a resposta não fosse evidente.

Até daqui a uns meses.

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