"Our football clubs are for life, not just for business"
Após três épocas de ausência o Belenenses regressa esta temporada à primeira liga. Será a primeira vez que o meu clube se apresenta a disputar este campeonato com uma empresa a ser proprietária dos seus destinos futebolisticamente falando. Já comentei aqui o assunto. Não vou alongar-me sobre o tema que mais do que argumentos é uma questão de valores, paixão e identidade.
Vou sim comentar aquilo que em outros tempos, com direcções eleitas em sufrágio, seria motivo para erguer as mãos à cabeça e lançar lamentos de má sorte: a péssima preparação que está a ser feita da nova época, com reforços a chegarem a conta-gotas a cerca de 15 dias do arranque, a forma inacreditável com que foi encarado o suposto "jogo de apresentação" - a dada altura, e tendo em conta a inexistência, em outras coisas, de um speaker julguei que era para apresentar os sócios ao novo bar e o bar aos sócios - e da ausência (uma vez mais) de uma política de angariação de adeptos.
Mas aparentemente está tudo bem em nome da "gestão profissional" da coisa (afinal vai existir outro "jogo de apresentação" e este sim é a valer e até já circula um vídeo lá no Facebook sobre o cartão de época). Actualmente a maioria dos adeptos do Belenenses, salvo honrosas excepções, tem uma noção do seu papel de adepto mais ou menos ao nível daquelas pessoas que batem palmas nos programas da manhã. A diferença é que essas ainda recebem qualquer coisinha pela tarefa enquanto no Restelo é apenas aplaudir em nome não se sabe bem do quê. Ou talvez até se saiba e as raízes da questão são no fundo uma espécie de desígnio nacional: a ideia de que existe alguém que toma conta de nós.
É no fundo algo bem português e que explica termos tido uma ditadura que governou durante mais de 40 anos ou actualmente observarmos sem grande contestação a ingerência do FMI cá no burgo. Afinal "eles é que sabem". "Deixem os homens trabalhar que finalmente alguém põe isto na ordem" como se tudo aquilo que seja exterior a nós, seja num clube seja no país, parece ser visto com outros olhos.
Em Belém o grande (e único) argumento para a entrada de Rui Pedro Soares no clube foi basicamente "eu tenho dinheiro e resolvo os vossos problemas". Algo que afinal parece nem ser bem assim pois o orçamento para esta época situa-se entre os mais baixos porque......não há dinheiro. O que torna difícil aquela ambição que fez letras gordas nos jornais "quero construir a melhor equipa dos últimos 40 anos". O que, trocado por miúdos e poupando-vos a ida à Wikipedia significa ser campeão ou vice-campeão.
Mas lá segue a malta contente, a suspirar (mendigar) por empréstimos de outros clubes e depositando esperanças num Miguel Rosa que de repente ganhou um estatuto de génio do esférico. Enquanto isso vão-se repetindo, aqui e ali, mentiras que de tantas vezes multiplicadas correm o risco de transformar-se em verdades, como a que o Belenenses no plano desportivo, antes da entrada desta empresa na SAD, estava a um passo da II B. Falso e injusto para o treinador Marco Paulo que deixou a equipa no 4º lugar após uma brilhante segunda volta, onde espreitou a subida até bem perto do fim.
Nas redes sociais prolonga-se um eterno "Amen" a Rui Pedro Soares e os críticos da gestão são apontados como inimigos. Mesmo que muitos deles sejam adeptos há longos anos, com km´s nas pernas de apoio ao clube, e o cavalheiro que se senta na cadeira do poder ainda há pouco tempo recebia o Dragão de Ouro das mãos de Pinto da Costa com um cachecol do FC Porto ao pescoço.
Dizem que o problema é meu. Sou demasiado fanático. Radical. E vivo numa utopia sobre o futebol. Que isto é essencialmente uma "indústria de entretenimento". E que os tempos modernos não são dados a paixões clubísticas. Talvez. Lembro-me sempre do Nick Hornby no seu "Fever Pitch":
"Vou ao futebol por montes de motivos, mas não para me divertir, e quando olho em volta num sábado e vejo aqueles rostos sombrios de pânico, reparo que os outros sentem o mesmo. Para o adepto empenhado, o futebol como entretenimento existe tanto como aquelas árvores que caem a meio da selva: presumimos que isso acontece, mas não estamos em posição de apreciá-lo. Os jornalistas desportivos e os coríntios de poltrona são os índios da Amazónia que sabem mais do que nós - mas noutro aspecto sabem muitíssimo menos".
2 comentários:
quale o vaor da cota? e para quando o mais novo dos irmãos pereira macedo a presidente? vao passar a usar meio com raquete
Todo o equipamento seria espectacular, não apenas as meias
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