O ponto conquistado ontem no dragão podia ser motivo de satisfação. Não fosse o facto de ser impossível disfarçar a péssima qualidade do futebol que aquela malta pratica. E nem pode dizer-se que os artistas sentiram o peso do adversário. A exibição foi apenas a repetição daquilo que já tinha sido visto perante colossos da categoria de um Olhanense, Oriental ou Gil Vicente. Como escrevia hoje o i: no Belenenses até os lançamentos de linha lateral são executados para trás. A questão é que eu, sujeito que geralmente responde à questão "de que clube é que és" com um elucidativo "adepto ligeiramente fanático do Belenenses", não resiste a voltar, quinzenalmente, a assistir aos espectáculos deprimentes que exibem aqueles indivíduos a quem é concedida a honra de vestirem a camisola azul. Não é coisa que consiga explicar. O Nick Hornby também não. Mas ao menos faz-me sentir que não estou sozinho neste mal que me aflige: "Poucos de nós escolhemos os nossos clubes, eles foram-nos pura e simplesmente apresentados; e quando eles descem da segunda para a terceira divisão, ou vendem os seus melhores jogadores, ou compram jogadores que sabemos perfeitamente que não jogam nada, ou passam a bola pela enésima vez a um avançado centro que falha golos a 3 metros da baliza, limitamo-nos a praguejar, vamos para casa, passamos quinze dias preocupados e voltamos a sofrer outra vez". Para a semana com o Paços, no sitio do costume.
* Desabafo de um simpatizante, adaptado para título deste post.
** Imagem via Belenenses Ilustrado.