10.7.12

Em escuta ali ao lado

Adaptando um slogan de 2010 "não, não é por causa de Radiohead" que vou ao Optimus Alive. Irei aliás apenas em um dia. O primeiro. Tal como em 2010 também este ano o evento está esgotado. A fórmula repetiu-se e o método voltou a ser vencedor. Uma banda forte que arrasta uma legião significativa de fãs, não o nego, mas que tem também a "magia" de convencer os outros.

Aqueles que para não ficarem à margem do grupo dizem "ya ya Radiohead" por já terem de facto escutado uma ou outra coisa. Mas se depois alguém pedir um top 5 das melhores músicas engasgam-se logo no número dois.

O "segredo" para o sucesso do Alive passa muito por aqui. O conseguir que o evento, inicialmente destinado a ver e ouvir concertos, tenha sofrido uma transformação com o passar do tempo para um local onde estar na noite de sexta e sábado. Como se fosse uma extensão do Cais do Sodré ou o Bairro Alto.

É o "efeito de contágio" no que ao arrastar de multidões diz respeito e que se verifica sobretudo nos festivais urbanos. E as "regras do social" mandam esquecer a crise não vá um tipo ficar com a imagem de quem não curte festivais.

E depois há quem assista aos concertos a escutar o grupo do lado a falar sobre os planos para as férias. Há quem sorria com a piada que o vocalista acabou de fazer e ao lado estão a partir-se a rir com o não sei quantas a-contar-aquela-vez-em-que-apanhou-uma-bebedeira-na-Zambujeira-do-Mar. E já que falamos no tema e porque não beber agora mesmo mais uma, e depois outra, e mais outra que às 22h já estão caídos a um canto com meio festival ainda por acontecer.

Em relação a Radiohead, nunca fiquei muito impressionado com a coisa. Embora reconheça a qualidade. Para escutar em casa. A pensar na vida. Não que queira duvidar dos méritos da depressão colectiva, o "Karma Police" ao vivo é algo que não seduz, embora defenda que a Kleenex terá perdido aqui uma interessante estratégia de marketing.

A sexta-feira serve para ir até Algés matar saudades do Ian Brown que "encontrei" o ano passado no SBSR num concerto que teve contornos de tragédia. Serve para confirmar se a fama que coloca os Justice entre os melhores performers da actualidade é real.

E depois para as outras coisas. Como o que está em escuta ali ao lado e que no festival apresenta-se a umas insuspeitas seis horas da tarde, no palco secundário dos palcos secundários. Aeroplane, um dos DJ mais estimulantes da actualidade, e que conta no tema "Without Lies" com a colaboração de Sky Ferreira que o Google afirma ser luso-descendente.

Ver como é para contar como foi.

4 comentários:

Anónimo disse...

Na Mouche.

João Pedro Lopes disse...

isso descreve tão bem a atitude geral do festival-goer em Portugal :)

já apanhei os Justice ao vivo e são muito bons. embora ache que de mestre era a cruz cair em cima do público no fim. ainda melhores do que eles ao vivo são os Bloody Beetroots, por acaso não faço ideia se passam por algum dos festivais de PT este ano...

Edgar disse...

Salvo erro estiveram o ano passado em Paredes de Coura.

João Gaspar disse...

está a acontecer uma trágica rockinriozação dos festivais de música.