10.3.09
O maravilhoso mundo do futebol português
Parece que a liga portuguesa, sempre disposta a inovar, decidiu que a próxima época deveria incluir alguma batota como forma de ajudar, coitados, os já de si pouco beneficiados "três grandes". Assim, surge a proposta de impedir a realização de derbys nas quatro primeiras jornadas ou clássicos em jornadas consecutivas. O que basicamente introduz um dado novo ao conceito de sorteio. Supostamente um sorteio seria uma questão de sorte ou azar. Agora a liga decide alterar isso para instituir que alguns clubes não podem ter um calendário difícil no arranque da época. Os outros, que provavelmente até gostariam de começar o campeonato pelos jogos mais acessíveis, como forma de cimentar um plantel em construção e dar tempo aos reforços para se ambientarem, podem jogar com os chamados "grandes" logo no arranque que à liga isso pouco importa. É uma intromissão clara nas regras do jogo e uma alteração muito séria aquilo que deveria ser o princípio base da competição: Condições iguais para todos e no fim que ganhe o melhor. Mas há mais. Concentremo-nos, por exemplo, no entendimento (vale sempre a pena recordar que foi esta liga que decidiu dar uma interpretação muito própria à expressão goal-average) daquilo que são derbys ou clássicos. É que a julgar por aquilo a que sempre foram associadas as citadas expressões, então vou chegar à conclusão que o Belenenses não pode defrontar o Sporting e Benfica nas quatro primeiras jornadas e não pode realizar-se, por exemplo, um Belenenses – Académica seguido de um Belenenses – Porto. Pois no primeiro caso tratam-se de jogos entre clubes da mesma cidade e com uma rivalidade associada (derbys) e no segundo estão em causa clássicos do futebol português. Obviamente que não é isto que a liga tem em mente. O que é proposto é que os "três grandes" não possam defrontar-se nas quatro jornadas iniciais nem em jornadas consecutivas. Existe ainda outro aspecto particularmente curioso. Há mais uma medida que defende "intercalar de jogos em algumas regiões para evitar congestionamento". Assim a liga defende que em Lisboa quando o Benfica joga em casa o Sporting tem necessariamente de jogar fora. E vice-versa. Mas não existe mais nenhum clube em Lisboa? Ou o Belenenses já baixou de divisão apesar de ainda faltarem nove jornadas? O mais curioso no meio disto tudo é não se terem escutado imediatamente vozes discordantes dos restantes clubes que não os "três". Espero que isso chegue na altura da votação em assembleia. A menos que achem piada ao papel de palhaços no circo que é o futebol cá do burgo. Ontem, num programa de rádio, escutei um expert do futebol aplaudir as iniciativas, adiantando que deveria reduzir-se o número de clubes para – vou citar – "tornar o futebol português mais competitivo", adiantando como exemplo o campeonato escocês no qual apenas competem doze emblemas na liga principal. Ora tendo em conta que na Escócia ora ganha o Celtic, ora ganha o Rangers, onde é que está a puta da competitividade nesse campeonato, caralho? A sério, eu qualquer dia passo-me.
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2 comentários:
quero muito acreditar que aquelas bujardas não passarão da conferência de imprensa para a assembleia.
e, segundo essa lógica do derby, leixões, paços de ferreira, rio aves, trofenses, e as trinta mil equipas da região do "grande" porto afins, também não poderiam jogar em casa na mesma jornada. o que é capaz de ser chato.
E o Estrela? Existirá uma "região da Amadora" ou também é Lisboa?
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